História: Revolução Russa Página Principal  

 

Movimento revolucionário na Rússia que culmina com o fim do império dos czares e o estabelecimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), primeiro país socialista do mundo, em 1922. Começa em 27 de fevereiro de 1917, pelo calendário russo (12 de março, no ocidental), com uma revolta democrático-burguesa. Exasperada pela guerra e pela miséria, a massa popular tem participação decisiva na Revolução de Fevereiro, como ficou conhecida. O Kremlin , antiga fortaleza em Moscou e símbolo do poder absoluto dos czares, é tomado. Em 25 de outubro, sempre pelo calendário russo, os bolcheviques( corrente majoritária do Partido Operário Social-Democrata) conquistam o poder e instauram a ditadura do proletariado, iniciando a fase socialista.

A Rússia anterior à revolução abriga vários povos, etnias e culturas em seus 22.000.000 km² de território, propriedade da nobreza. A população rural representa 80% dos 170 milhões de habitantes. O avanço da industrialização faz crescer o número de proletários, concentrados em Moscou, Odessa e São Petersburgo, então capital russa. Mais da metade do total investido no parque produtivo pertence ao capital estrangeiro, cujos lucros esgotam os parcos recursos do país. As dificuldades econômicas e políticas estimulam idéias revolucionárias. Em janeiro, mais de mil operários são massacrados em São Petersburgo no episódio conhecido como Domingo Sangrento.

Cai a monarquia

Sob pressão da burguesia liberal, apoiada pela esquerda moderada, o governo permite a formação da Duma (Parlamento), criando uma falsa ordem constitucional. Os gastos com a 1ª Guerra Mundial (1914-1918) diminuem investimentos e elevam preços, provocando mais conflitos internos, reprimidos violentamente. Soldados morrem abandonados nas frentes de batalha, sem armas nem alimentos. A fome chega às cidades e greves varrem o país. A insatisfação alcança o auge em fevereiro de 1917. O Exército nega-se a marchar contra o povo e, no dia 27, pelo calendário russo, o czar Nicolau II (1868-1918) abdica.

O governo é disputado pela burguesia, por meio do Comitê Provisório da Duma, e pelos socialistas do Partido Menchevique e do Partido Bolchevique (este mais tarde chamado de Partido Comunista). Os socialistas organizam operários, soldados e camponeses em assembléias chamadas sovietes. Ambas as facções fazem parte do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), que se opunha ao czarismo antes da revolução. Por fim, instala-se um governo provisório composto por ministros liberais e pelo socialista moderado Alexander Kerenski (1881-1970). Mas a crise interna prossegue, com a insistência do governo em seguir na 1ª Guerra Mundial. Cresce a liderança de Lenin (1870-1924). Ele é o maior representante dos bolcheviques e prega a saída da guerra, o fortalecimento dos sovietes e o confisco das grandes propriedades rurais para distribuir aos camponeses.

A influência dos sovietes nas fábricas e na Marinha cresce. O governo reprime manifestações e persegue os bolcheviques, forçando Lenin a asilar-se na Finlândia. O fracasso na guerra provoca mudanças no governo, que passa de liberal a socialista moderado, sob a chefia de Kerenski e com o apoio dos mencheviques (social-democratas que acreditam na revolução gradual, mediante reformas).

Bolcheviques no poder

Tropas fiéis ao antigo regime marcham sobre Petrogrado (ex-São Petersburgo) em setembro, mas são aniquiladas por um levante popular. Os cossacos, soldados dos regimentos especiais da Cavalaria, passam para o lado dos revolucionários. Os bolcheviques entram em massa nos sovietes, e Leon Trotsky (1879-1940), presidente do soviete de Petrogrado, cria a Guarda Vermelha. Lenin volta clandestinamente ao país e convence o comando bolchevique a partir para a revolução. A resistência de Kerenski em Moscou é vencida em 25 de outubro. Os bolcheviques tomam o poder em 7 de novembro e criam o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lenin.

Trotsky assume o Comissariado das Relações Exteriores e Josef Stalin (1879-1953), o das Nacionalidades. Os bolcheviques iniciam a mudança do sistema político e econômico, dando aos camponeses o direito exclusivo da exploração das terras. Transferem o controle das fábricas aos operários, expropriam as indústrias e nacionalizam os bancos. Moscou passa a ser a capital do país. Em março de 1918, assinam a paz em separado com a Alemanha, aceitando entregar a Polônia, a Ucrânia e a Finlândia. Sofrem em seguida reação armada de uma ampla frente que reúne de capitalistas a mencheviques. Os contra-revolucionários, chamados Brancos, contam com ajuda do Reino Unido, da França, do Japão e, mais tarde, da Polônia, que querem a Rússia na guerra contra a Alemanha.

Impera a revolução

Trotsky apela ao povo e organiza o Exército Vermelho, responsável pela derrota dos contra-revolucionários e das forças externas. A vitória bolchevique institui o terror, com o fuzilamento de milhares de pessoas, incluindo o czar e sua família. As dissidências são esmagadas e a ameaça da contra-revolução, afastada. O governo adota medidas para reduzir a fome e modernizar o país. Divide a terra dos kulaks, médios proprietários rurais, e os camponeses pobres organizam-se em cooperativas.

Em 1921, com a Revolução consolidada, Lenin institui a Nova Política Econômica (NEP), mista de socialismo e capitalismo, para vencer o impasse econômico. Permite a criação de empresas privadas e o comércio em pequena escala, retoma a liberdade salarial e de comércio exterior, sob a supervisão do Estado, e autoriza empréstimos externos. A criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1922, tenta manter unidos diversos territórios do antigo Império Russo que pouco têm em comum.

A morte de Lenin, em 1924, provoca uma luta pelo poder entre Trotsky e Stalin, que têm concepções diferentes de revolução. Para Trotsky , o socialismo na URSS depende da vitória de revoluções operárias nos países vizinhos. Defende, portanto, a revolução mundial. Stalin pretende implantar o socialismo apenas na URSS e colocá-la no mesmo nível das nações capitalistas. Trotsky é um respeitado intelectual e teórico marxista, Stalin um revolucionário totalitarista. Ele vence Trotsky, expulsando-o do partido em 1927 e do país dois anos depois. Em 1940, manda matá-lo no México. Stalin governa a URSS por quase 30 anos, impondo o domínio soviético sobre as novas nações socialistas européias.

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Josemar Paraguassú Júnior